terça-feira, 19 de agosto de 2025

Entrevista a Luís Norberto Lourenço

Luís Norberto Lourenço: Escrevo para intervir* 

ENTREVISTAS - Escritores Livros & Leituras

- Quem é? 
Luís Norberto Fidalgo da Silva Trindade Lourenço, de 38 anos, natural de Castelo Branco, apaixonado por livros e por isso mesmo o que me dá mais prazer é partilhar as minhas leituras e saber das leituras dos outros. 
L&L - Como e quando começou a interessar-se por literatura? 
 LNL - Apanhei o “vírus” da leitura em casa dos meus pais. Os meus pais eram sócios do “Círculo de Leitores”, eram assinantes das “Selecções”, juntando-se mais um ou outro livro que preenchia a biblioteca vindo de outra proveniência… fui lendo e folheando alguns até que comecei a criar a minha própria biblioteca. Ao contrário de alguns colegas e amigos de então “devorei” alguns livros que constavam do ensino e ditos obrigatórios e não fiz nenhum esforço ao lê-los e não compreendo a sua desvalorização, falo de: “Viagens na Minha Terra”, o “Auto da Barca do Inferno”, “Os Lusíadas” e “Os Maias”. Comecei – não tenho a certeza com que idade, pelos 14 anos, talvez – a pedir recorrentemente como prendas de aniversário e de Natal livros. 
L&L - Por que motivo resolveu escrever livros? 
LNL - Celebrando-se o Centenário da República e tendo na minha posse o documento que viria a estudar estava na altura de abordar o assunto. (ver resposta à questão que se segue). A edição do livro “Manifestos contra o medo: antologia de uma intervenção cívica”, justifica-se por entender que já tinha uma quantidade de textos suficientemente relevante, sendo que alguns deles não existiam em formato papel (falo de textos na blogosfera) e tinha (quem não tem?) alguns textos que estavam inéditos e julguei ser a altura para reunir todo esse material… um projeto adiado desde 2005, a primeira vez que pensei reunir a minha opinião publicada na imprensa. 
L&L - Qual foi a obra que mais gostou de escrever e porquê? 
LNL - Em 2010, publiquei o meu primeiro estudo, um pequeno livrinho, de pouco mais de 30 páginas, no quadro do Centenário da República e a propósito da questão da Separação do Estado da Igreja, estudando e divulgando um documento (reproduzido na íntegra) relativamente a Penamacor, o Auto de Arrolamento da Igreja Matriz local, datado de 1911. Este “Manifestos contra o medo: antologia de uma intervenção crítica” é pois, verdadeiramente, o meu primeiro livro… como filho único que é, é o meu filho (literário) preferido! 
L&L - Em que é que se inspira para escrever um livro? A minha escrita é inspirada na realidade, na atualidade, na História, nas leituras que vou fazendo, em cada escritor novo escritor que me maravilha. L&L - Se não fosse escritor, o que gostava de ser? 
 LNL - Escrevo por várias razões, para intervir, por achar que tenho algo a dizer sobre algum assunto ou para divulgar algum evento cultural, meu ou de alguém, mas não me considero escritor, nem tenho pretensões de ser considerado como tal. Quem pensa o país, conhece os problemas e pensa que pode contribuir de alguma forma para colmatá-los, não deve alhear-se e limitar-se a tratar da “vidinha”. Conheço as minhas limitações, leio imensa poesia, partilho inúmeros poemas sobre vários autores, mas sou incapaz de escrever poemas, contos e romances incluídos. Os meus textos são sobretudo fruto da investigação (na área da História e das Ciências da Informação e da Documentação) ou de intervenção/opinião, ainda que tenha um ou outro texto mais literário. Boa parte da minha profissional tem sido no ensino da História e com os meus alunos tento transmitir a importância desta para a sua formação e legar-lhes o meu gosto pela leitura. 
L&L - Quais são seus autores preferidos? 
LNL - São muitos, ainda assim deixo alguns nomes: Luís de Camões, Fernando Pessoa, Eça de Queirós, Gil Vicente, Pablo Neruda, Alexandre O’Neill, Amos Os, Manuel Alegre, Ary dos Santos, Umberto Eco, Vinicius de Moraes… correndo o risco de noutra entrevista referir outros, não tenho nenhum top, e a cada mão-cheia de descobertas de escritores que nunca tinha lido, há sempre um que junto à lista. 
L&L - Que conselho daria a alguém que deseje vir a ser escritor? 
LNL - Uma antiga aluna pediu-me recentemente sábias palavras para a ajudar num problema que tinha de ultrapassar na escola… não sei se sou a melhor pessoa para dar conselhos. Até já disse que não sou escritor… certamente ler muito, diversificando os tipos de leitura e de autores e estar atento à realidade ajudará… e não ter medo de errar. O segundo livro (e todos os que se lhe seguirem) só existe depois de um primeiro, sem coragem para publicar esse primeiro livro, por muitos defeitos que lhe possamos vir a encontrar nunca será escritor. 
L&L - Para quando um novo projeto editorial? 
LNL - Já deveria tê-lo publicado, tenho lido imenso sobre o tema… mas pouco escrevi, em breve publicarei um estudo sobre Aristides de Sousa Mendes, não é um romance, nem uma biografia, é uma espécie de guia de leitura sobre a sua época e sobre o que sobre ele se disse, pensando no público mais jovem, em especial nos meus alunos. Tenho procurado dar a conhecer aos meus alunos este herói da paz por contraponto aos heróis da guerra. 

*Entrevista publicada na revista “Livros & Leituras” (online) a 29 de Fevereiro de 2012:
http://www.livroseleituras.com (o site já está inativo)
https://revistalivroseleituras.blogspot.com (Novo site da revista)

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